Créditos: Nando Chiapetta/Alepe

O partido endossa a carta que será entregue a Lula, defendendo o metrô público como parte da política de Tarifa Zero

PSOL-PE declara apoio à luta contra a privatização do Metrô do Recife 

21/10/25

O PSOL de Pernambuco declara total apoio à mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras metroviárias, sindicatos, movimentos sociais e parlamentares que vêm resistindo à tentativa de concessão/privatização do Metrô do Recife. 

 

O partido também endossa integralmente o conteúdo da carta entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), no dia 20 de outubro de 2025, que teve como tema central a defesa do metrô como patrimônio público e estratégico para a política de Tarifa Zero na Região Metropolitana do Recife.

 

O PSOL-PE entende que o modelo proposto, no qual o Estado ainda entraria com subsídios mesmo com a concessão à iniciativa privada, manteria os lucros da empresa concessionária enquanto deixa todo o risco da operação para o poder público. É uma proposta inaceitável, que fragiliza os mecanismos de controle, prioriza o lucro em detrimento do serviço público e transfere ao povo o ônus de um sistema cada vez mais precário.

 

Assembleia pública contra privatização do Metrô do Recife

Crédito: Sérgio Gaspar

Junto aos metroviários, o PSOL reafirma que o Metrô do Recife deve permanecer sob os cuidados da gestão pública federal, precisa ser modernizado com recursos públicos e pensado como base para a implementação de uma política metropolitana de Tarifa Zero.

 

A luta contra a privatização do metrô está diretamente conectada à resistência contra outros projetos privatistas que vêm sendo implementados em Pernambuco. Por isso, o PSOL-PE também se soma às críticas e mobilizações contra a tentativa de privatização da Compesa, bem como à política da Prefeitura do Recife de "adoção" de praças, ruas e equipamentos públicos por empresas privadas — um processo que esvazia a responsabilidade do poder público e abre espaço para o controle da cidade por interesses empresariais.

 

Reafirmamos que a lógica privatista aplicada à gestão de serviços essenciais tem se mostrado nociva à população, especialmente aos segmentos mais pobres da nossa sociedade. Defender o metrô, a água, os espaços públicos e os serviços urbanos é defender o direito à cidade e a dignidade da classe trabalhadora. O PSOL-PE seguirá presente nas ruas, nos parlamentos e nos movimentos ao lado das categorias em luta, por um Pernambuco mais justo, democrático e popular.

 

População protesta contra privatização do Metrô do Recife no auditório da Alepe. Um cartaz diz "Desculpe o transtorno, estamos lutando pelo nossos direitos"

Crédito: Nando Chiapetta/Alepe

 

Leia, a seguir, a carta que será enviada ao Presidente Lula: 

 

“Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva

 

Brasília - DF 

 

Assunto: Defesa do Metrô do Recife como patrimônio público e vetor da política de Tarifa Zero 

 

Senhor Presidente, 

 

A classe trabalhadora metroviária de Recife vê com profunda preocupação o processo de transferência do Metrô do Recife (CBTU/STU-REC) ao Governo do Estado de Pernambuco, com vistas a viabilizar uma concessão privada, nos moldes do que ocorreu com o metrô de Belo Horizonte no Governo Jair Bolsonaro. 

 

O Metrô do Recife é um patrimônio público federal, construído com recursos da União e mantido ao longo de décadas pelo esforço de gerações de trabalhadores. Hoje, o sistema atende diretamente aos municípios de Recife, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Camaragibe, alcançando de forma indireta todos os municípios da Região Metropolitana, o que o torna peça estruturante da mobilidade urbana metropolitana. 

 

A proposta de concessão atual carrega sérios riscos. De um lado, o Governo Federal seguiria aportando a maior parte dos investimentos necessários à recuperação do sistema, em alguns casos mais de 90% do total, enquanto a gestão e execução ficariam nas mãos da iniciativa privada, sem os controles de transparência e legalidade que regem a atuação das estatais. De outro lado, mesmo privatizado, o sistema seguiria demandando subsídios públicos, transferindo o risco de operação para o Estado, mas garantindo o lucro do concessionário. Trata-se de um modelo que não traz garantias de melhoria para os usuários e ainda ameaça o caráter social do transporte metroferroviário. 

 

É nesse ponto que destacamos um aspecto estratégico: o Metrô do Recife pode e deve ser pensado como vetor da política de Tarifa Zero. Atualmente, mais de 100 cidades brasileiras já adotam programas de Tarifa Zero no transporte coletivo, com efeitos positivos sobre a inclusão social, a economia local e o meio ambiente. Nenhum outro sistema da Região Metropolitana do Recife tem a mesma capacidade de transporte e potencial de induzir o desenvolvimento sustentável. Ao invés de privatizar, o passo político e socialmente consequente seria consolidar o Metrô do Recife como base para a implementação da Tarifa Zero Metropolitana, uma medida que aproximaria ainda mais o Governo Federal do povo trabalhador e reforçaria o legado histórico do Partido dos Trabalhadores na defesa de políticas públicas inclusivas. 

 

Senhor presidente, com as eleições de 2026 no horizonte, é necessário que o campo popular reafirme seu compromisso com os setores sociais que garantiram a retomada democrática em 2022: a população usuária do sistema e os trabalhadores metroviários que por quatro décadas fazem o Metrô do Recife. Além disso, é certo que a oposição utilizará o processo de concessão como arma política contra o PT, pois conceder/privatizar uma empresa pública é andar na contramão do nosso discurso histórico de valorização dos serviços públicos e do direito ao transporte. Nesse sentido, defender a Tarifa Zero e manter o metrô sob a gestão pública federal não só garante um transporte digno e acessível, mas também reafirma o compromisso de Vossa Excelência com os mais pobres e com a soberania do Estado na condução de políticas estruturantes. 

 

Por tudo isso, reivindicamos uma postura diferente da que vem sendo adotada no discurso das instâncias de governo e nas ações efetivas referentes ao processo de transferência do Metrô do Recife. Diante disso, nos colocamos à disposição para contribuir tecnicamente e politicamente na construção de alternativas que modernizem o sistema sem abrir mão do interesse público, da transparência e do direito da população a um transporte coletivo acessível e universal”.

 

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