PSOL
Jô Cavalcanti

Marcha da Maconha do Recife. Foto: Divulgação/Marcha da Maconha Recife

Ivan Moraes, do PSOL-PE, é o único pré-candidato ao Governo de Pernambuco que propõe um Plano Estadual da Cannabis, para aproveitar ao máximo os potenciais da maconha dentro do que a legislação atual permite

PSOL-PE apoia a 18ª Marcha da Maconha do Recife, reforçando seu compromisso com a luta pela legalização da cannabis

05/11/25

A Marcha da Maconha do Recife - movimento social, político e cultural que tem como finalidade a luta pela legalização da cannabis, pela mudança nas políticas de drogas e pelo fim da criminalização das pessoas usuárias - tomará as ruas do Recife neste sábado (8), em sua 18ª edição, cujo tema é “fumo de negro, lucro de branco”, com apoio do Partido Socialismo e Liberdade em Pernambuco (PSOL-PE). 

 

A concentração terá início às 14h, na Praça do Derby, com falas políticas, performances e intervenções artísticas, distribuição de materiais de conscientização e orientações de cuidado, kits e cartilhas de redução de danos. O ato sairá da Praça do Derby às 16h20, em direção ao Caranguejo da Rua da Aurora, onde serão realizadas as falas finais e o encerramento do ato às 17h20.

 

A organização do movimento comunicou o dia, o horário e o trajeto da passeata à Polícia Militar por meio de um ofício. Tradicionalmente, a manifestação é realizada sem registro de ocorrência, visto que o direito a manifestações pela legalização das drogas é garantido por uma decisão do Supremo Tribunal Federal desde 2011, reconhecendo a completa legitimidade das passeatas. Esse direito foi conquistado por meio da luta daqueles que enfrentaram as tentativas de cerceamento, criminalização e os questionamentos sobre a legalidade do movimento nos seus primeiros anos.

 

Fumo de negro, lucro de branco

 

Marcha da Maconha

Registro da Marcha da Maconha do Recife do ano de 2014. Foto:Veetmano/AgênciaJCMazella

 

O tema da 18ª Marcha da Maconha do Recife foi inspirado no título do livro “Fumo De Negro: Criminalização Da Maconha No Pós-Abolição”, da historiadora Luísa Saad, uma referência para entender o contexto em que se deu a criminalização da cannabis. Assim como a autora, a Marcha da Maconha do Recife entende a regulamentação como questão de saúde pública e coletiva, não devendo ser tratada pelo viés da violência.

 

“Todos os anos nós denunciamos que o proibicionismo está cada vez mais ultrapassado e que já existem outras propostas de gestão mais humanizadas com foco na saúde, na cidadania e na cultura. Não podemos aceitar a naturalização da morte para a juventude negra como política de Estado. Queremos paz e sempre marchamos em paz, tentando construir o mundo que a gente acredita. Historicamente no Brasil o Estado criminaliza certos grupos sociais através de sua cultura, seus hábitos e a proibição da maconha faz parte disso. Estamos em 2025 e vemos o lado mais extremo dessa política acontecendo nas favelas, como no Rio de Janeiro semana passada, enquanto a maior operação contra o crime organizado ocorreu na Faria Lima, em São Paulo, sem derramar uma gota de sangue”, diz Raphael Esteves, integrante do coletivo da Marcha da Maconha. 

 

Compromisso do PSOL Pernambuco

 

O Partido Socialismo e Liberdade em Pernambuco (PSOL-PE) também acredita que a maconha deve ser tratada sem tabus ou criminalização, com foco na redução para a redução de danos das pessoas que fazem o uso adulto da maconha; no desencarceramento; na produção de medicamentos à base de cannabis para distribuição gratuita pelo SUS; e na exploração de todo o potencial industrial e econômico das diversas partes da planta. 

 

O ex-vereador do Recife por dois mandatos, dirigente do PSOL-PE e pré-candidato a governador do estado de Pernambuco, Ivan Moraes Filho, foi um dos parlamentares responsáveis pela autoria do Projeto de Lei Ordinária (PLO) 207/2022, aprovado pela Câmara Municipal do Recife, que dispõe sobre as bases para elaboração da política municipal de uso e distribuição de remédios derivados da maconha.

 

A lei autoriza a Prefeitura do Recife a fazer parcerias com instituições que produzem medicamentos à base de maconha e distribuí-los por meio da rede municipal de saúde para o tratamento de diversas doenças, como epilepsia, autismo e Alzheimer. 

 

“Vários governos de direita pelo Brasil estão implementando políticas não parecidas, porque não têm a ousadia nem a coragem, mas tão começando a fazer distribuição [de medicamentos à base de maconha] pelo SUS, tão começando a fazer parceria com associações, e a gente aqui ainda não teve a ousadia e a coragem pra dizer que isso é possível, que isso é real, que isso é necessário agora”, disse Ivan durante um debate realizado na sede do PSOL-PE no último dia 22 de outubro, na Casa Marielle Franco, sede do partido.  

 

Ivan Moraes propõe a criação de um Plano Estadual da Cannabis em Pernambuco. Foto: Divulgação/PSOL-PE

 

“Eu entendo que existe uma série de políticas e propostas que eu não estou inventando. Que existe no mundo, que tem pessoas no nosso estado com competência para planejá-las e planejá-las. Que vão trazer o bem-viver no sentido de que vão trazer dinheiro pro nosso estado, pro nosso governo, pra realizar política pública. A gente tem condições de fazer isso tanto na produção intelectual e cultural, quanto na produção real. De medicamentos e de tudo que pode vir dessa planta”, declarou o pré-candidato. 

 

Na mesma ocasião, Ivan Moraes citou estudos sobre as potencialidades industriais da maconha que já são estudados no estado de Pernambuco. “Eu fui em Petrolina, lá tem gente estudando a fibra da cannabis pra fazer cimento, fazer concreto, fazer casa. Já tem tecnologia hoje pra fazer calça comprida, camisa, boné, sapato, shampoo, sabonete. Imagina, o que sobrar da produção e não serve pra fazer remédio - porque pra remédio a gente só usa a flor, e a fibra serve pra fazer corda, fazer tecido - ir pro polo têxtil do Agreste e a gente fazer uma grande revolução acontecer. Num futuro muito próximo essa planta vai ser liberada para todas as finalidades, e a gente pode já estar preparado para todas as formas de uso dessa planta. Fazer com que ela possa trazer desenvolvimento ao invés de trazer criminalidade.”

 

Outro tema levantado por Ivan Moraes foi a necessidade de pensar uma política de segurança pública que não apenas combata o crime, mas minimize o número de prisões, especialmente de jovens, como forma de evitar o aliciamento de novos membros para facções de crime organizado, altamente presentes nos presídios brasileiros.

 

O pré-candidato enfatizou, em sua fala, que o PSOL está entre os poucos partidos que têm a coragem e a ousadia de defender um projeto de segurança pública que pense em reduzir o encarceramento em vez de aumentá-lo.

 

“Todas as políticas públicas - inclusive de governos mais alinhados ao campo democrático, até o campo da esquerda, serviram para prender pessoas. Quando é que a gente vai falar de desencarceramento? Quando é que a gente vai botar a mão na cabeça e dizer assim: ‘pô, quando você prende um menino de 16 anos, 17 anos, porque tava com um baseado, ou porque roubou uma bicicleta, você tá entendendo que o Estado prefere gastar uma fortuna por mês - porque não é barato prender gente - simplesmente pra recrutar criança pro crime organizado. Porque é pra isso que serve”.  

 

Plano Estadual da Cannabis

 

Entre as diversas propostas máximas, ousadas e possíveis que Ivan Moraes tem para governar o estado de Pernambuco visando o bem-viver de todos os pernambucanos e pernambucanas, destacamos a criação do Plano Estadual da Cannabis. 

 

A proposta visa, dentro do que a legislação vigente permite, utilizar todos os potenciais da maconha desde a produção de medicamentos para distribuição no SUS até a exportação de remédios à base de cannabis e utilização das fibras da planta na indústria de Pernambuco, gerando emprego, renda e arrecadação para o estado.

 

"Porque a gente ainda não criou o plano estadual da cannabis? Não tô falando de mudar a lei. Porque é que a gente não pega essa planta e faz convênios pra que universidades, produtoras, pequenas cooperativas possam plantar? Para que a gente possa pegar o LAFEPE e estruturas derivadas do LAFEPE,  pra que a gente possa produzir esse remédio - que na farmácia tá custando mil reais, 1500 reais, 2 mil reais - e pode ser distribuído de graça na farmácia viva do SUS, e pode ser vendido pro mundo todo, porque está sendo cada vez mais demandado. [Com] o que não dá pra fazer remédio, dá pra fazer calça, camisa, sapato, cosmético, tijolo, vela para veleiro, corda para paraquedas. Não estou nem falando do uso recreativo - que eu tenho certeza que muito em breve vai ter outra legislação - mas do jeito que tá hoje, Pernambuco perde bilhões de dólares todos os anos porque não tem coragem de fazer o certo." 

 

Sobre a Marcha da Maconha do Recife

 

A Marcha da Maconha faz parte da Global Marijuana March, evento mundial que acontece em centenas de cidades.

 

No Recife, desde 2008 a marcha esteve nas ruas todos os anos - exceto durante a pandemia de COVID-19, quando as atividades foram todas realizadas de forma remota. 

 

Anualmente a Marcha da Maconha leva o debate e a reflexão sobre os danos da política de guerra às drogas ao centro do Recife, reivindicando mudanças na lei de drogas e nas políticas públicas no sentido de legalizar e regulamentar as múltiplas formas de uso da cannabis e visando à promoção da saúde, dos direitos humanos e da redução de danos, além de combater o encarceramento em massa e a violência policial.

 

 

2025  | Diretório Estadual de Pernambuco | Partido Socialismo e Liberdade - PSOL
CNPJ: 10.737.784/0001-99

Feito por Sitio.App.br