Créditos: Fernando Mesquita

O evento realizado na sede do partido uniu membros do PSOL-PE, militantes de sindicatos, movimentos sociais e de outras forças do campo progressista 
 

PSOL-PE une Ivan Moraes e Jones Manoel debatendo projeto político da esquerda de Pernambuco no pleito de 2026

23/10/25

Na noite da última quarta-feira (22), a Casa Marielle Franco, sede do PSOL Pernambuco, foi palco do debate “O Estado que a gente quer: alternativas possíveis e ousadas para a construção do Bem-viver”, com o pré-candidato a governador Ivan Moraes (PSOL-PE) e o historiador e militante comunista Jones Manoel, mediado por Bárbara Bastos, professora da UFPE, coordenadora do Subverta e dirigente do PSOL-PE. 

 

O objetivo era debater e alinhar projetos e pautas do campo democrático, preparando uma alternativa eleitoral viável, ousada, corajosa e possível para a esquerda em Pernambuco. Um projeto que vá além de defender direitos já conquistados, mas possa também garantir a excelência dos serviços públicos, reduza a dependência do capital privado e melhore a vida do povo trabalhador. 

 

 

Ivan Moraes: “É hora de encantar as pessoas pela verdade”

 

Em uma fala potente e cheia de entusiasmo, Ivan Moraes destacou a necessidade de unir todas as forças progressistas e populares do estado para construir um projeto verdadeiramente à esquerda, democrático, ecossocialista e comprometido com o povo.

 

“Tô instigado pra juntar todo mundo! Quem é de esquerda, do campo progressista, quem é de centro-esquerda, todo mundo que não é de direita! Inclusive pra dialogar com o centro, com a companheira que não gosta de política, com o companheiro que tá de saco cheio. Porque a política afeta todo mundo, e eu tenho certeza que todas as propostas que a gente tem – e não são poucas – vão interessar a muita gente”, afirmou Ivan.

 

O pré-candidato ao governo pelo PSOL também defendeu a unidade do campo popular e de esquerda, incluindo a esquerda do PT, o PCdoB, o PSB progressista e os movimentos sociais, para “fazer um negócio fantástico, encantar as pessoas — não com ilusão, mas com a verdade que existe em cada proposta”.

 

“Lógico que eu quero a esquerda do PT, eu quero o PT todo! Lógico que eu quero a esquerda do PSB, eu quero o PCdoB, eu quero a galera que brigou com o partido, eu quero todo mundo que tem o pensamento do nosso lado! Porque a gente é muito pequeno! Eu tô numa legenda muito pequena, mas é um partido muito grande! Não em sonhos, mas em certezas. A gente sabe das coisas que podem dar certo e essa fé que nós temos é inabalável! “, disse Ivan. 

 

O pré-candidato destacou pautas centrais de seu projeto para Pernambuco, como o desmatamento zero, o desencarceramento, a renda básica, a tarifa zero no transporte público, a reciclagem total e uma nova política de drogas que enfrente o genocídio da juventude negra e reduza os números de pessoas mortas pela política estatal (e fracassada) de guerra às drogas que só mira a população mais pobre.

 

Ivan também reafirmou o desejo de ver Jones Manoel representando Pernambuco na Câmara dos Deputados, ressaltando a importância de ampliar a bancada da esquerda com vozes que defendem as pautas estruturantes do povo pernambucano.

 

Entre as propostas concretas apresentadas, Ivan destacou o modelo de Tarifa Zero, inspirado na experiência de Belo Horizonte, com financiamento baseado na contribuição das empresas que se beneficiam da mobilidade urbana.

 

“Toda empresa com mais de 10 funcionários vai pagar [imposto de] R$ 60 por mês por trabalhador pro povo ter passe livre. As maiores, com 500 ou mil pessoas contratadas, pagarão um pouco mais, R$ 120, R$ 130. Dá pra pagar”, explicou ele. 

 

No modelo aqui proposto, Ivan explica que a intenção ao longo prazo é estatizar o serviço, mas que a existência de contratos que não podem ser rasgados de um dia para o outro torna necessário começar dessa forma. “A gente pode enquadrar as empresas de transporte no nível de que elas têm obrigações a cumprir. Perdeu a obrigação, perdeu a concessão”, disse Ivan.

 

Aliados

 

O evento também contou com a presença e participação de outras lideranças do PSOL, como a ex-candidata a vereadora do Recife e dirigente do PSOL, Yasmim Alves; o presidente do PSOL-PE, Samuel Herculano; e o presidente da Federação PSOL/Rede, Jerônimo Galvão. 

 

O público também incluiu lideranças importantes de outras legendas progressistas, com destaque para os petistas Pedro Alcântara e Fernando Ferro, que defenderam, em falas firmes, uma guinada mais à esquerda no PT de Pernambuco, colocando-se à disposição para defender internamente que o Partido dos Trabalhadores deve formar aliança com o PSOL e com Ivan Moraes, e não com o PSB de João Campos. 

 

Enquanto Ferro classificou o atual prefeito do Recife como “um político de centro-direita” e declarou que não esquece os ataques de Campos ao PT e a Lula no passado, Pedro Alcântara deixou evidente que prefere ver o PT apoiar Ivan Moraes na eleição ao governo do Estado, caso não haja candidatura própria.

 

“[Ivan é] um companheiro que consegue falar com a juventude que tava desencantada, consegue falar com a classe trabalhadora. A gente tem que ter aqui em Pernambuco esse senso de unidade da esquerda de Pernambuco. Eu digo a vocês, se o PT optar por política de aliança, que é o mais provável, eu vou estar dentro do partido discutindo e debatendo que o palanque do PT seja com o PSOL, com o companheiro Ivan Moraes, que tem compromisso para cuidar do estado”, disse o petista.

 

Jones Manoel: estatização e soberania popular sobre os serviços públicos

 

Em sua fala, Jones Manoel destacou a necessidade de fortalecer a organização da classe trabalhadora e de retomar o controle público sobre setores estratégicos da economia, criticando duramente as privatizações e concessões promovidas em Pernambuco e no país.

 

“A privatização da Eletrobrás gerou 20 mil demissões e o Brasil está à beira de um apagão [...] Todo o processo energético é controlado por empresas estrangeiras, e o povo continua pagando caro na conta de luz. A conta de luz tá mais barata? Tá gerando emprego? Não. Melhorou o fornecimento? De jeito nenhum”, afirmou.

 

Jones defendeu que o estado invista em empresas públicas fortes, com foco em energia, saneamento, abastecimento e transporte, e que pare de “subsidiar o capital privado para explorar serviços que deveriam ser de qualidade e excelência”.

 

“A gente tem um debate sobre serviços públicos de qualidade e excelência, e tem a ousadia de colocar o debate sobre Tarifa Zero e colocar no horizonte não o subsídio ao setor privado, mas estatizar o serviço, tomar conta de todo o núcleo central da política de transporte”, disse Jones Manoel. 

 

Ele detalhou seu raciocínio ao destacar que os R$ 400 bilhões pagos pelo estado anualmente em subsídios às empresas privadas que controlam o transporte metropolitano de Pernambuco poderiam ser melhor utilizados com a estatização e planejamento estratégico de longo prazo. 

 

“Repare: o governo estadual dá R$ 400 milhões por ano de subsídio ao transporte metropolitano, e o transporte no Agreste e no Sertão foi esquecido. A governadora Raquel Lyra prometeu que o governo dela seria diferente, não seria um governo só da capital e que ia olhar pro Agreste e pro Sertão, tá do mesmo jeito, viu? Seguem descobertos, como sempre foram, da maioria das políticas do governo. Se a gente consegue pensar uma estratégia de construção do transporte estadual que pegue transporte metropolitano e interestadual a partir de uma empresa pública, e pense uma política de investimento de longo prazo, inclusive trazendo as fábricas para produzir os ônibus e as peças aqui, pensando política industrial, de transporte e mobilidade, a gente consegue fazer dar certo sim, e é mais barato que o modelo atual.”

 

Jones também defende que o PSOL e o campo da esquerda devem disputar o projeto de futuro de Pernambuco com um programa radicalmente popular, que “vá à raiz dos problemas da classe trabalhadora e da juventude”.

 

Yasmim Alves: “É tarefa histórica enfrentar João Campos e Raquel Lyra”

 

Em uma fala firme e emocionada, Yasmim Alves defendeu que a esquerda precisa ter coragem para enfrentar eleitoralmente João Campos e Raquel Lyra, que representam o mesmo projeto liberal e conservador. “É tarefa básica colocar aqui que a gente tem que enfrentar o PSB de João Campos e o governo de Raquel Lyra. Isso é básico, tarefa histórica da nossa esquerda”, afirmou.

 

Yasmim, contudo, deixou evidente que é preciso ir além dessa tarefa básica, e que para gerar transformação social verdadeira e profundamente, é indispensável que a política e os partidos entendam as lutas feministas como instrumento central de debate social e barreira política contra a ascensão e manutenção da extrema direita fascista no estado e no país. 

 

“Há uma dificuldade dos partidos em reconhecer os movimentos feministas como força motriz das mudanças sociais. Somos maioria da classe trabalhadora e nunca abandonamos o trabalho de base. Quando a extrema direita avança, é sobre as mulheres que ela ataca primeiro”, denunciou.

 

“Nós [movimentos de mulheres] somos maioria da classe trabalhadora e nós nunca abandonamos o trabalho de base, Jones e Ivan. A gente tá no tête-à-tête, a gente tá nas comunidades, nos territórios, nas periferias, fazendo o que é preciso ser feito. Temos sido barreira de contenção da extrema direita que, não à toa, precariza a gente em termos de trabalho e dignidade das mulheres da saúde, mulheres como eu, professoras da educação, e também ameaçam nossos direitos sexuais e reprodutivos. Quando a radicalidade da extrema direita vai pra frente, é pra cima da gente que eles vêm. E aí quando tem um ato público em frente ao Hospital Tricentenário para lutar por justiça por uma mulher que chegou lá com situação estável de hemorragia e veio a falecer porque a equipe médica supôs que Paloma Alves, uma mulher de 46 anos, estava abortando. E SE TIVESSE ABORTANDO? Permitiram que essa companheira viesse à morte. Já já eu tenho reunião com as amigas de Paloma Alves. Agora eu pergunto, quem é que tava lá em frente ao Tricentenário? Quantos partidos políticos estavam lá? Quantos homens estavam lá? O movimento feminista mais uma vez, o movimento de mulheres negras mais uma vez, sendo barreira de contenção dessa ideologia propaganda pela extrema direita”, declarou Yasmim Alves. 

 

Um novo ciclo de esperança e construção coletiva

 

Encerrando o debate, os participantes celebraram o encontro como um passo importante na construção programática e política de uma alternativa verdadeiramente popular para Pernambuco.

Para o PSOL Pernambuco, o evento foi mais uma demonstração de força e de unidade do campo popular, reafirmando o compromisso do partido com um projeto de esquerda, democrático, ecossocialista e profundamente ligado às necessidades reais do povo pernambucano.

 

 

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