Créditos: Clívia Mesquita
O Partido Socialismo e Liberdade de Pernambuco (PSOL-PE) manifesta total apoio e adesão à mobilização “Pernambuco na luta contra a violência genocida do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil”, que acontece amanhã, 31 de outubro, às 16h, em frente ao Palácio do Campo das Princesas, na Praça da República, bairro de Santo Antônio, no Recife.
A manifestação, convocada pela Coalizão Negra por Direitos – Brasil e pela Articulação Negra de Pernambuco (ANEPE), denuncia o massacre ocorrido no Rio de Janeiro — que já soma mais de 120 mortes — e a escalada da violência policial em todo o país (especialmente no nosso estado), marcada pela necropolítica que transforma a população negra e periférica em alvo do Estado.
O PSOL PE se soma às vozes que repudiam veementemente as políticas de extermínio e reafirma o compromisso histórico do partido com a luta antirracista, popular e por direitos humanos. O genocídio do povo negro e pobre não pode continuar sendo tratado como política de segurança pública. Urge a construção de outro modelo de sociedade, baseado na vida, na justiça e na dignidade para todas as pessoas, em todos os territórios!
Nós do PSOL-PE estaremos nas ruas ao lado dos movimentos negros, sociais, feministas, de juventude e de direitos humanos, reafirmando: não aceitaremos a naturalização da morte, nem a militarização dos territórios periféricos. Destacamos ainda o apoio da Setorial de Mulheres do PSOL-PE, que estará presente na mobilização junto às organizações e lideranças comprometidas com a defesa do povo, reafirmando a luta das mulheres negras e periféricas por justiça, vida e liberdade.
O PSOL-PE convoca toda a população pernambucana, militantes, coletivos, entidades sindicais, culturais e estudantis a se somarem ao ato. É hora de transformar a indignação em ação coletiva. Pernambuco vai às ruas contra a violência genocida, pelo direito à vida e por uma segurança pública que proteja o povo — e não o mate!
"NOTA PÚBLICA
SEGURANÇA PÚBLICA PRECISA GARANTIR O DIREITO À VIDA
Contra a política de extermínio do povo negro e periférico e a escalada da violência policial no Brasil e em Pernambuco
Recife, 31 de outubro de 2025
A Articulação Negra de Pernambuco, juntamente com as demais organizações abaixo-assinadas, manifesta repúdio veemente à operação policial realizada no Rio de Janeiro, que resultou em mais de 120 mortes (dados oficiais mas, possivelmente subnotificado), em incontáveis feridos, prisões violentas, desaparecimentos e na interrupção da vida cotidiana de centenas de famílias. Trata-se de mais um capítulo de uma política de segurança pública baseada na repressão, no terror e no extermínio da população negra e periférica, que segue sendo tratada como inimiga interna do Estado.
O fato ocorrido no Rio de Janeiro não é algo isolado, nem tão raro - em escalas menores (no que se refere à quantidade de mortes), observamos a naturalização da matança do povo negro e pobre no país como um todo, expressa nos índices diários de extermínio de nossa juventude. Infelizmente, após um momento de indignação, esses fatos caem no esquecimento da imprensa e de parte da sociedade, naturalizando a matança decorrente de ações policiais.
Sendo assim, no contexto dessa tragédia de grande repercussão, num tema tão importante para o país, denunciamos também o descaso da situação da segurança pública em Pernambuco, que tem se consolidado entre os estados com maior letalidade policial do Brasil.
O sétimo relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado de 2025 mostra que, durante o mês de julho, nove pessoas foram vítimas de balas perdidas na região metropolitana. O dado indica que quase duas pessoas foram baleadas por semana. O número de vítimas registradas no mês é 350% maior que o acumulado em julho de 2024, quando duas pessoas foram vítimas de balas perdidas e sobreviveram.
Ainda de acordo com dados do Fogo Cruzado, ao menos 101 adolescentes com idades entre 12 e 17 anos foram baleados na região metropolitana do Recife em 2025, entre as vítimas, 72 morreram e 29 ficaram feridas. E ao menos 15 crianças, com idade entre 0 e 11 anos, foram baleadas em 2025.
O Estado opera sob a lógica da “guerra às drogas”, que, na prática, é uma guerra contra o povo negro e periférico, autorizada e fomentada pelas estruturas institucionais, legitimada pelo discurso do combate ao crime, e sustentada pelo silêncio e pela conivência de autoridades públicas. Em Recife, a situação não é diferente, posto que existe projeto de armamento da guarda municipal, apoiado pela prefeitura, e que segue na lógica da militarização desta categoria.
A capital pernambucana tem, percentualmente, o maior índice de pessoas negras mortas pela polícia entre as cidades brasileiras: nos anos de 2021 e 2022, todas as vítimas fatais da violência policial no Grande Recife eram negras. Considerando todo o estado de Pernambuco, 90% dos mortos por agentes da polícia eram pessoas negras. Essas ações, marcadas pela truculência e pelo racismo, vêm sendo justificadas como “trabalho policial”, quando na verdade reforçam a lógica de criminalização da população negra e pobre.
O atual modelo de segurança pública tem priorizado a estratégia de repressão, com investimentos em novas viaturas, equipamentos e ampliação de efetivos, enquanto falta formação adequada, rigor no monitoramento da letalidade e cuidado e compromisso com a vida da população.
Não se trata apenas da quantidade de policiais nas ruas, mas da qualidade do treinamento e da abordagem. O que temos visto são intervenções violentas em espaços públicos como o centro da cidade, parques e praias, gerando medo e constrangimento coletivo.
O programa “Juntos pela Segurança”, do Governo de Pernambuco, que espalha pelas ruas os policiais popularmente conhecidos como “laranjinhas”, precisa responder à sociedade: de que lado está? Porque do lado da população negra e pobre, evidentemente, não está. Reafirmamos que não aceitaremos a naturalização nem a legitimação da violência policial.
A ostensividade dirigida aos nossos corpos é expressão do racismo estrutural que seguimos enfrentando. Seguiremos denunciando, mobilizando e exigindo políticas públicas que respeitem o povo negro e os territórios periféricos.
A impunidade que se repete, operação após operação, reforça o ciclo da violência: investigações que não são concluídas; policiais envolvidos que permanecem atuando; e as comunidades seguem submetidas ao pânico, ao adoecimento mental e mortes.
Enquanto isso, mães negras seguem enterrando seus filhos, e o Estado segue celebrando "resultados" como se o assassinato de nossos jovens fosse indicador de sucesso administrativo, como vimos acontecer mais uma vez no Rio de Janeiro.
As mulheres negras seguem neste país, sem condições dignas de criar seus filhos, que continuam cerceados de expressar sua potência artística e sem a possibilidade de sonhar! Falta segurança, educação de qualidade, atenção básica à saúde e espaços de lazer.
O racismo estrutural que sustenta essas políticas se soma, em Pernambuco, à fragilidade no controle das forças de segurança, à falta de transparência e ao enfraquecimento dos órgãos de defesa dos direitos humanos.
A lógica do “bandido bom é bandido morto” não serve quando o bandido é branco e rico, e as mortes ocorridas não são "efeitos colaterais", elas são o resultado de uma política de extermínio que define quem pode viver e quem deve morrer - a exemplo da mega operação que a polícia fez no “caso Faria Lima”, sem uma bala, sem uma morte!
Essa frase, tão proferida pela direita fascista, representa uma ideologia racista que julga ser criminoso qualquer jovem ou homem negro que reside em favelas, morros e de comunidades onde as pessoas vivem em situação de vulnerabilidade.
O Estado brasileiro começou seu projeto de criminalização e genocídio da população negra desde a fundação de sua necropolitica republicana. Este mesmo Estado deve ser responsabilizado, de forma exemplar, por mais este extermínio injustificável do Governo do Estado do Rio de Janeiro, representado pela figura do governador Cláudio Castro!
Para nós, povo pernambucano, o governo de Raquel Lyra deve responder ao aumento exponencial das inúmeras violências em nosso estado, sejam mulheres, crianças, adolescentes ou nossos jovens.
Diante deste cenário, exigimos:
1- Investigação imediata, independente e transparente sobre a operação policial que levou à chacina no Rio de Janeiro, com responsabilização civil, administrativa e criminal de todas as autoridades e agentes públicos envolvidos;
2- Afastamento do governador do Rio de Janeiro e sua cúpula da “segurança pública” durante a investigação dos fatos ocorridos;
3 - Fim das operações policiais letais em territórios periféricos;
4 - Publicização de dados reais e completos sobre letalidade policial no estado;
5 - Revisão urgente da política de segurança pública de Pernambuco, com participação das comunidades, movimentos sociais e organismos de direitos humanos;
5.1- Criação de um Observatório Cidadão Permanente de Segurança Pública em Pernambuco pode ser fomentado pelo Estado com autonomia e controle social, reunindo coletivos, universidades e organizações de direitos humanos. Atuar de forma independente para fiscalizar abusos e propor políticas de segurança baseadas em transparência e direitos humanos.
5.2 - Implementação imediata de programas de empregabilidade, oferecendo salários dignos e não bolsas precárias. O jovem pode ocupar a vaga mesmo sem ter concluído os estudos, mas a escolaridade será obrigatória, com acompanhamento, horários compatíveis, treinamento profissional, mentoria e acompanhamento pedagógico, com prioridade para jovens de periferias. Deve ter metas claras de vagas e orçamento garantido.
6 - Investimentos estruturais em educação, saúde, habitação, cultura, lazer e emprego — condições mínimas para que nossas populações tenham direito à vida digna.
7 - Combate à corrupção dentro do Estado.
Não aceitaremos a necropolítica como forma de governo. Não aceitaremos que a morte seja normalizada. O que está em curso é um projeto de eliminação do povo negro e periférico, e nós nos colocamos em luta permanente contra ele! Por uma segurança que proteja as vidas!
Assinam essa nota:
Articulação Negra de Pernambuco
Frente Negra Revolucionária (FNR)
Coalizão Negra por Direitos
PSTU-PE
Ouvidora-Geral da Defensoria Pública de Pernambuco
Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas
Setorial de mulheres do PSOL-PE
Movimento Maré Negra
Coletivo Marcha da Maconha do Recife
Levante Popular da juventude
Rede Tumulto
Coalizão de midias periféricas, favelada,quilombola e indigena.
Fórum Popular de Segurança Pública de Pernambuco
Cidadania Feminina
Movimento Brasil Popular
Deputada Rosa Amorim (PT-PE)
Frente de Comunicação Cannabicanas
Rede de Mulheres Negras de Pernambuco (RMNPE)
Núcleo de educadores e educadoras Populares de Pernambuco (NEEPE)
Escola de Formação Quilombo dos Palmares (EQUIQ)
SOS CORPO - Instituto Feminista para a Democracia
Coletivo Uh Ibura Aê
Associação Brasileira de Famílias Homo Trans Afetivas - ABRAFH
Anamchara Fellowship
Secretaria LGBT do Partido das Trabalhadoras e Trabalhadores de Caruaru
Movimento dos/as Trabalhadores/as Sem Teto de Pernambuco (MTST - PE)
Juventude Fogo No Pavio
Jô Cavalcanti, Vereadora do Recife pelo PSOL-PE
Fórum Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente Pernambuco - FDCA PE
Coletivo Intercambiantes PE
Coletivo de Mulheres do Jaboatão dos Guararapes
Deputada Dani Portela (PSOL-PE)
Centro Comunitário Mário Andrade
Eugênia Lima, Vereadora de Olinda
Socioeducação por Direitos
Grupo Mulher Maravilha
Secretaria Estadual de Cultura do Partido dos Trabalhadores - PE".
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