Créditos: Paloma Keise/PSOL-PE
Na tarde desta sexta-feira (7), o pré-candidato a Governador, Ivan Moraes (PSOL-PE), participou do Seminário de Análise de Conjuntura, com o tema “Democracia e soberania: qual projeto queremos para o Nordeste?”, realizado na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Pernambuco (Sinttel).
Na mesa do debate, além de Ivan, também estavam Paulo Mansan, membro da direção do MST (substituindo a senadora Teresa Leitão, que se acidentou), e Sheila Oliveira (PT-PE), Secretária de Comunicação do PT/PE e assessora do deputado federal Carlos Veras (PT-PE).
Foto: Paloma Keise/PSOL-PE
O encontro, promovido anualmente pela Escola de Formação Quilombo dos Palmares (Equip) e pela Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), tem como objetivo fortalecer as organizações populares e o protagonismo dos diversos sujeitos sociais na luta por direitos e políticas públicas. É um espaço de reflexão, articulação e trocas sobre os desafios de 2026 — um ano decisivo para o projeto popular e democrático que seguimos construindo coletivamente.
O debate envolveu uma ampla gama de temas: cultura, segurança pública, política de drogas, meio ambiente, desenvolvimento sustentável, economia solidária, justiça social, eleições, articulação das esquerdas e o enfrentamento à extrema-direita nas urnas — todos essenciais para pensar o presente e o futuro dos povos que vivem na região Nordeste do Brasil.
Durante sua intervenção, Ivan Moraes destacou a necessidade de coragem política e coerência na defesa de pautas fundamentais para a transformação social.
"A gente precisa falar, sem absolutamente nenhuma vergonha, que eu quero ver o camponês, o quilombola e o indígena fazendo medicina na faculdade, sim! A gente fala, sem vergonha, que precisa garantir o direito das mulheres ao aborto! Não pode ter uma votação como aquela que houve no Congresso e parte importante da esquerda ficar acovardada, com medo de abrir a boca porque vai perder voto na eleição! ‘Ah, eu não posso intrigar o pastor, não posso melindrar aquele partido de centro com o qual eu quero me coligar’. A gente não pode ter vergonha de defender uma nova política de drogas que seja antiproibicionista. Não pode ter vergonha de defender uma política que, no mínimo, o Estado plante maconha para fazer remédio para quem precisa. Enquanto isso, está Tarcísio [de Freitas] anunciando que vai plantar maconha [para produzir medicamentos] em São Paulo!”
Ivan ressaltou que a política deve ser guiada por princípios de solidariedade e colaboração — entre governantes e também entre diferentes entes estatais — valores que também devem orientar o desenvolvimento econômico voltado ao bem-viver da população dos estados do Nordeste, usando como exemplo a economia solidária.
“Colaborar é trazer uma política de não achar que seu vizinho é um inimigo. O que é economia solidária, se não uma lógica de colaboração? Eu acho que a questão ambiental não pode ser tratada como se fosse perfumaria, coisa bonitinha. Fiquei triste quando Lula chegou para lançar a escola de sargentos e disse: ‘Acho bonito vocês, ecologistas, mas o Exército cuidou bem da área, vai ficar tudo certo’. Se Lula quer que a gente critique ele, essa é uma crítica que a gente tem que ter coragem de fazer”, disse o ex-vereador.
Ivan Moraes também destacou a importância de proteger biomas brasileiros com presença forte — e até mesmo única — em estados do Nordeste. O principal exemplo citado por ele foi a Caatinga, bioma com forte presença no estado de Pernambuco e elevadíssimo potencial de promover o sequestro de carbono na atmosfera.
O pré-candidato ao governo do estado pelo PSOL-PE salientou que pesquisas recentes, como a que foi publicada pela Unesp no último mês de julho, apontam que em anos de maior precipitação (mais chuvosos), a Caatinga respondeu por quase metade da remoção de carbono no país, apesar de ocupar aproximadamente 10% do território nacional.
“Tem que ter recurso mundial para [cuidar da] Caatinga, porque, tanto quanto a Amazônia, ela é importante para o bem do planeta. O que propomos é desmatamento zero e lixo zero: compostar e reciclar tudo. Estive na Suécia, e combustível fóssil é coisa de antigamente. Explorar petróleo na Amazônia para, com esse dinheiro, financiar a transição energética não faz sentido — e tem que ter coragem de dizer que não faz sentido”, declarou Ivan.
Foto: Paloma Keise/PSOL-PE
Ao tratar de cultura, o pré-candidato criticou o desmonte e o esvaziamento do orçamento destinado às políticas públicas de promoção e incentivo cultural ao longo dos anos. “Cultura é cadeia produtiva limpa, barata, e a gente não coloca isso à frente do debate. Governantes usam caboclo de lança para se eleger, mas essa galera está à míngua, disputando edital.”
Sobre segurança pública, Ivan fez uma crítica aos seus pares de esquerda, atestando que é no debate sobre segurança pública que a esquerda e a direita se encontram. Em outros termos, a esquerda repete o discurso — e a prática — punitivista encampado pela direita, que claramente não funciona para resolver os problemas da criminalidade no país.
“Até quando a esquerda vai fazer o mesmo discurso que a direita faz? Está dando certo? Quando a gente vai ter coragem de falar de desencarceramento? A cadeia brasileira é hoje um elemento de recrutamento de criminosos. Estamos gastando uma fortuna! É muito mais barato pegar esse menino e dar dinheiro na mão dele. Mediação de conflito: essas experiências existem em muitos lugares do mundo, e a gente é pautado pela direita. A gente não pode ser pautado pela direita! Tem como parar a grande violência se não tiver coragem de descriminalizar todas as drogas? A gente comemora a Ambev, empresa que comercializa a droga mais perigosa que tem, que é o álcool, mas a gente nem sonha em regulamentar o mercado de drogas, que não controla territórios por qualidade de produtos, mas por violência. Vamos continuar enxugando gelo.”
Ivan Moraes também analisou o cenário político em Pernambuco e no Brasil, destacando a necessidade de estratégia e diálogo por parte das forças progressistas. Ele reforçou que nenhum dos dois candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto até o momento está, de fato, num contexto de polarização; e declarou categoricamente que apoiará Lula independentemente da escolha eleitoral do presidente na disputa pelo Governo de Pernambuco em 2026.
As candidaturas do centro vão para um lado ou para o outro. É importante dizer que Raquel não é bolsonarista. A gente vê o que João está fazendo — ele não é de esquerda. O que fez com as bets, que está querendo privatizar praças, parques, ruas e até bairros. João [Campos] e Raquel [Lyra] devem fazer campanha para Lula, e eu acho bom. Não sei se [Lula] vai fazer campanha para mim, estou nem aí, eu vou fazer campanha para ele."
O dirigente do PSOL enfatizou que a esquerda precisa dialogar com a maioria da população e buscar a união por meio de pautas comuns e princípios básicos que unem os membros das diversas vertentes de pensamento do campo progressista, em vez de se limitar às disputas internas.
Ele citou, como referência, os dados de um levantamento realizado pelo think tank “More in Common”, em parceria com a Quaest, que tentou entender o perfil de comportamento eleitoral dos diversos segmentos que compõem o eleitorado brasileiro, organizando os eleitores em seis grupos que abarcam desde a esquerda mais engajada até os chamados “patriotas indignados”, passando por pessoas alinhadas ao centro e também por aquelas que não se engajam muito com a política.
Os dados divulgados mostram que o maior grupo de eleitores — portanto, o que tem maior poder de mudar o resultado de um pleito no momento de ir às urnas — é composto por pessoas mais pragmáticas, sem grandes paixões ou perfil de militância. Em outras palavras, temos 54% do eleitorado brasileiro que se declara “nem de esquerda, nem de direita”.
“Quem define a eleição é o desengajado e os cautelosos. No próximo ano, a gente faz o quê? Ficar gritando contra os radicalizados do outro lado? Tem que rir da cara deles e virar as costas. Olha a lógica de colaboração: vamos ficar disputando com o coleguinha? É o que a gente faz! ‘Ah, porque sou do PT...’, ‘Ah, porque sou do PSOL...’. Ou a gente vai gastar energia falando com esses 54%?”, questionou Ivan Moraes.
Para Ivan, a reconstrução de um projeto popular exige unidade e generosidade entre os partidos e movimentos sociais, além da compreensão de que as pessoas são complexas, e de que, mesmo de onde não se espera, pode surgir um bom diálogo.
“Sabe com quem eu mais dialogava sobre aborto nas meninas [quando era vereador]? Com uma pastora da Igreja Universal, que foi professora e sabe o que é uma menina de 12 anos engravidar. As pessoas são complexas. A gente tem que saber quem é o Congresso do povo, quem está do nosso lado. Sem brigar com o amiguinho, sem morder o coleguinha. O nosso principal adversário não está no cercadinho da esquerda.”
Ao fim do seminário, o PSOL-PE reafirmou seu compromisso com a construção de um projeto de Estado e de país baseado na justiça social, na coragem política e na solidariedade entre os povos. O partido seguirá participando ativamente de espaços de debate e formação política, fortalecendo a unidade das forças progressistas em Pernambuco e no Nordeste.
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