Créditos: PH Reinaux | Acervo Centro Sabiá

Sabemos que, por força da lei, no mínimo 30% da alimentação escolar deve ser comprada da Agricultura Familiar. No entanto, vê-se que isso não corresponde à realidade

20 February 2025

De olho nas compras públicas da Agricultura Familiar

Henrique Marinho, técnico do Centro Sabiá

Por Henrique Marinho

Técnico do Centro Sabiá na Zona da Mata Sul de Pernambuco

O ano de 2024 marcou os 25 anos do falecimento de Dom Hélder Câmara, um grande lutador pelos direitos humanos, que somou sua voz àquelas vozes que resistiam entre gritos e silêncios nos anos mais difíceis da história recente: a ditadura civil militar; e, depois, no tão valoroso momento da redemocratização. O Dom da Paz, lutador pelo combate à fome no Brasil, nos inspira a colocar o tema das compras públicas da Agricultura Familiar no centro do debate das estratégias para o acesso aos alimentos saudáveis, como garantia do Direito Humano à Alimentação e Nutrição Adequadas.

 

Para além do acesso à terra, à água, às técnicas e experiências de produções e transições e práticas agroecológicas, a batalha sobre os acessos aos mercados e os entraves sobre a comercialização, de maneira geral, são uma constante na realidade das comunidades rurais; as compras públicas, como venda direta, com a retomada do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), e os esforços para o funcionamento do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), demonstram um leque de desafios e oportunidades.

 

Sabemos que, por força de lei, no mínimo 30% da alimentação escolar deve ser comprada da Agricultura Familiar. Ao analisarmos os números sobre o PNAE nos municípios pernambucanos, de 2013 a 2022, observamos que esse montante atingiu apenas 22,9%. Já em relação ao PNAE do estado de Pernambuco, operado pela Secretaria Estadual de Educação, esse percentual cai para 18,4%.

 

Na Mata Sul do estado, no mesmo período, o valor total transferido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para os municípios da região foi de R$ 113.744.891,62, porém, apenas 20% desse montante foi efetivamente adquirido pela Agricultura Familiar. Isso quer dizer que uma oportunidade de mercado na ordem de R$ 34.123.467,49 foi perdida, recursos financeiros que, para além de remunerar a Agricultura Familiar, poderiam ter circulado nas comunidades rurais, no comércio local e gerado mais arrecadações de impostos.

 

Como nos ensinou Dom Hélder Câmara: “vocês pensam que o povo não pensa, o povo pensa”. Estamos DE OLHO.

 

 

Artigo originalmente publicado no site do Centro Sabiá.

 

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